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Mostrando postagens de junho, 2012

Por que Obras Completas 1996-2007?

com a ajuda inestimável da Tatiana Costa , que protegeu de mim durante cinco anos as últimas poesias escritas por mim que eu preservei (destruí todas as outras em 2007, pra não cair em tentação e publicar, porque elas eram muito ruins), estou colocando elas no meu blog. elas estão com a marcação Obras Completas 1996-2007 porque elas são, como eu disse, o que sobrou desse período da minha e scrita. Como vocês devem saber, eu praticamente não escrevo mais poesia (acho melhor me expressar com outras formas literárias ou não, principalmente os meus "ensaios" que todo mundo menos eu acha que são absurdos, do tipo Marxismo e Ocultismo etc), então isso tudo ficou um tipo de marco de um período de produção "literária" da minha vida (e não marca um período pessoal porque, com exceção de uma ou duas poesias, as que eram muito baseadas na minha vida pessoal eram um lixo). Peço pelo amor de Deus que me passem o que ainda tiverem que eu escrevi, que não tiver

Tirésias diante de Troia (Obras Completas 1996-2007)

Seus seios atrás do cajado Um cego não pode acompanhar o strip-tease das coisas (alethea) Sua barba escondendo pernas e pênis Diz: "Ó glória de manar, ó vã cobiça, Os cabelos de Helena crescem em sua sepultura                                                      seus pentelhos formam a grama dos Campos Elíseos? Aquiles jaz; os barcos afundados se tornaram coortes de fantasmas submersos Que vivem em bailes enfeitados de algas e algozes Eu, mulher nos anos mais duros do Gulag Sinto em meus cabelos o sangue que ela fez jorrar! Enquanto Troia afunda em chamas, Me dedico a dizer que a Cidade não é mais que uma ruína em câmera lentíssima. Enquanto Troia arde escura, Não possa fazer nada além de saber que isto não é um mosaico; as suas casas sim é que são aos pedaços (e seus habitantes, mais ainda)".

Demolição (Obras Completas 1996-2007)

aquele pó azul brilhante misturado com a terra aquelas metralhadoras na mão de anjos, as pedras dos antigos edifícioos (corpos nas casas arrasadas rastos de porra, nas bordas da boca, feridas) olhos saltando Mar salgado quanto do teu sal (suor de foda) e ela, a espada flamejante e um anjo que nos corta tão bem por dentro que nos olhamos no espelho e vemos o cenário da Mona Lisa, a paisagem lunar, Cubatão e o Lixão de Gramacho e muito aquém disso (porque vemos uma pessoa igual à gente, com a nossa voz mas, aparentemente, sem a centelha da alma) quando o triturador de lixo faz presunto de homens e o próprio ar tem vergonha do apodrecimento Ou pior, mais que isso? Porque peço á Musa que constitua uma catedral feita de merda diante de mim como se fosse um deus, ansiando pela expi(r)ação? no final, o fim do mundo é uma propriedade invariável da matéria que se insinua num arco-íris demasiado azul porque a noite vem de dentro dele como um arroto Ou não? Só p

(Obras Completas 1996-2007)

O mundo não tem sentido Urge reconstruí-lo. Toda pracinha de subúrbio Todo rosto virado pra lua é absurdo. Tudo no lugar errado: As nuvens não convencem ali, deitadas no céu. Parece que as coisas vão chover Deasabar e desabrigar seu interior. O mundo parece um fanstasma - de pessoa viva O verão, um calor que não se justifica O inverno, um palor que nos impala. O mundo apodrece de tão incompleto

Canção de Ninar (Obras Completas 1996-2007)

   Dorme jogado no sofá. O longo corpo contorcido rodeado pelos gatos. Corps elétriques. Os lábios da cor da mancha do gato branco, rajado de rosa a ponto de parecer op art. Do seu amor está consumido, dorme confuso e bobo.    Na timidez solidão, o outro lhe disse que se vai só ao sono, à loucura, à. Cálice calado deste pacto. Justaposto entre irmãos. Flores de fezes.

Sôci (Obras Completas 1996-2007)

Depoimento para a futura morte: amava esconder-se andava só em aglomerações esteve apaixonado sem saber: durante semanas definhava anjos do som abandonaram-lhe à noite. Durante o dia, com a sede infinita de um copo voltou a considerações. O amor acabara, os dias se arrastavam ventriloquismo dos dias úteis a revolta de plástico das metáforas, e os ventos de esquecimento que dobram os pescoços em desprezo flores murchas exalando insipidez no seu terno como se só o novo pudesse apodrecer.

A Única Antiode que poderia ser escrita num Dia como Hoje (Obras Completas 1996-2007)

Vai-se o céu As fragatas de nuvens que arrebatas, ó poente Dissolvem no tempo-rio                      temporário As grandes construções da terra. O sol sói Mas a Noite, feita mulher nesta Elegia Escolheu que seu seio úmido e negro afastasse dos homens A lembrança do Dia. Lotófaga Até que, no sono, tudo indistinto a ponto De que nem nossas feridas na pele formassem mapas

Cinza (Obras Completas 1996-2007)

O inverno é uma desgraça Móveis cobertos de frio Cobertores úteros Até que, embaixo deles não escutamos. todo o corpo se enche de sebo toda a água que se mexe lá dentro corta de gelada. encerando as unhas nos ouvidos sabemos que o calor há de vir sem saber quando. céu embaçado. na primavera, as cigarras morrem de fome enquanto vomitamos formigas a noite inteira

Coleira (Obras Completas 1996-2007)

saí pra passear com o meu Desejo na coleira - cão sem asas, que diminui e voa de língua de fora correndo atrás do próprio rabo ele quase avançou. com medo eu o segurei na sua coleira tentei reanimá-lo (ele uivando pra lua inchada não sei se os pulmões não vão estourar por isso ele anda enforcado: morto na sua coleira: também sei ferir)

Antiflor (Obras Completas 1996-2007)

Rosa quadrada! Uma rosa não é bela É vermelha, se num quadro Flores carnívoras! Carnaval Arbusto de urtiga onde os amantes vão deitar flor é flor origami de celulose Não é uma fibra muscular Que sirva de corda de guitarra - e é muito mais bonita (e, diga-se de passagem, muito mais sexy) Flor é muda e fica parada, mas cheira a chão Flor murcha, e cria formiga

Oração (Obras Completas 1996-2007)

Perdoai ter que dizer ai sem saber se era pra agradecer essa dor lancinante Perdoai esse pedaço de desentendimento que se evola até o céu                                                                                nada Perdoai nem mesmo saber se é certo ou errado até o ponto de nem mesmo rir ou chorar com medo da espada flamejante na porta do jardim nem sei se peço que compreendas 

Dessoneto (Obras Completas 1996-2007)

máquina de costura a noite inteira badalo da igreja uma floresta de símbolos mais ainda, metal botar pra dormir os símbolos nem elliot nem pound pra apagar o efeito dessa coisa que apaga o a máquina não é um inteiro (do meu lado, eu e minha Machina Analytica me dediquei a encontrar os futuros destroços em cada coisa virgem fico até calado)

Campo de Concentração (Obras Completas 1996-2007)

Duque de Caxias! cenário de Mad Max! Os três jovens nas chamas, onservados por anjos no fundo toca o Quarteto para o Fim dos Tempos o gás a urina repetidamente filtrada até virar água destilada pedras se erguendo até o céu meus dedos nodosos escavam a terra da fossa comum é só assim que eu olho essa manilha sem mancha no azul infinito (essa mancha que eu também não vejo está grávida de um buraco no vácuo) o que faz arrastar toda a terra e me cobrir com a sombra de uma montanha de ossos

Livro das Horas (Obras Completas 1996-2007)

Um longo vestido de seda; túnicas campos verdes, relógio e catedral por que o tempo se partiu? por que as horas passaram a se seguir umas às outras em vez de voltarem no dia seguinte? por que tudo passou a ser irremediável                                         irredimido                                         irremediário? dragões que viram formigas até hoje, com lobisomens usando xampu                      que somem