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Mostrando postagens de dezembro, 2017

Sobre a questão da transição para o socialismo (3)

Parecon O Michael Albert e o Robin Hahnel são militantes anarquistas desde a década de 1970 nos EUA (exceções, num país em que a Nova Esquerda foi marcada principalmente por grupos maoístas), e editam desde 1987 a Z Magazine . Em 1991, no contexto do colapso da URSS, eles publicaram o livro Looking Forward - Participatory Economics for the Twenty First Century , onde formularam o sistema da economia participativa ou, como eles chamam, Parecon. A Parecon é uma forma de resolver o que eles identificam como os principais problemas da produção capitalista: a hierarquia, a competição e a diferença salarial (repare que é uma crítica anarquista, e não marxista, eles não falam das leis econômicas do capitalismo, inclusive rejeitam a teoria marxista da exploração). Então, todas as características da Parecon são pensadas para impedir o surgimento desses problemas. Em primeiro lugar, todas as empresas são autogeridas. Só que, além disso, eles propõem o que chamam de complexo de trabalho

Sobre a questão da transição para o socialismo (2)

Bernard Friot e a generalização da forma salarial O Bernard Friot é um sociólogo francês ligado ao PCF, que criou a Réseau Salariat em 2012. O ponto de partida da teoria dele é uma análise alternativa sobre as instituições de seguridade social. Para os marxistas, os serviços públicos, incluindo a seguridade social são custos necessários e improdutivos da produção capitalista que o Estado se encarrega de administrar, como representante da burguesia como um todo , o que pode criar um conflito contra determinados capitais (por exemplo, os fundos de pensão). Mas, segundo o Friot, pelo contrário, devemos ver que a seguridade é uma instituição anticapitalista dentro da economia capitalista. Como? A forma de cotização da seguridade social não passa pela valorização do capital, e pode ser vista como uma redistribuição imediata das contribuições entre os beneficiários, orientada pelas necessidades de cada um, e não pelo valor contribuído. A proposta do Friot para acabar com o capital

Sobre a questão da transição para o socialismo (1)

Por que discutir isso? Fábrica ocupada pelos trabalhadores no Chile durante o governo Allende Pode parecer fora de propósito, num momento de recuo sem precedentes de qualquer perspectiva de transição ao socialismo. Mas justamente um dos fatores que levam ao recuo é a não existência de nenhuma proposta concreta de como fazer essa transição, depois do colapso das formações sociais com suspensão parcial da lei do valor , que levou ao discurso de "fim do socialismo" (para uma análise da desintegração do bloco stalinista, que foge do assunto dessa série, recomendo ler as obras da economista francesa Catherine Samary, por exemplo essa ). O fim do bloco soviético levou até mesmo a esquerda radical a defender, no máximo, a luta contra o neoliberalismo, resumida à rejeição ( anti capitalismo). Mas existe uma descontinuidade radical entre as lutas imediatas contra medidas dos governos burgueses e a formulação de uma política alternativa, que é a precondição para disputar a heg