Eu nunca tinha assistido essa ópera mas, um dia desses, eu vi alguém dizer que é uma "ópera maçônica". Eu pensei que era um exagero comum de quem escreveu isso, mas não.
Os dois personagens principais, o Príncipe Tamino e o caçador de passarinhos Papageno são convocados pela Rainha da Noite pra salvar a filha dela, Pamina, que foi sequestrada pelo Sarastro (será uma referência ao Zaratustra?), um sábio. Quando eles chegam no reino do Sarastro, eles descobrem que é tudo ao contrário, o Sarastro é um líder sábio e bom de uma ordem iniciática que cultua Ísis e Osíris, e ele sequestrou a princesa pelo bem dela mesma, porque a Rainha da Noite é possessiva e quer controlar a vida dela etc.
Entre os aliados do Sarastro, tem um mouros negros, de que o líder é o Monostato, que tenta pegar a princesa à força, e que o Sarastro depois vai dizer que tem a "alma tão negra como o corpo". Os heróis recebem os objetos mágicos da Rainha, a flauta e o carrilhão, mas depois usam esses objetos pra cumprir as tarefas iniciáticas que vão purificar e preparar eles pra conseguirem as suas mulheres (a Papagena aparece como uma bruxa e, depois que ele cumpre as tarefas, vira uma jovem bonita com roupas parecidas com as dele).
Tem várias explicações sobre os simbolismos da história, por exemplo a Rainha da Noite é associada por alguns com a imperatriz Maria Teresa da Áustria, que era católica e proibiu a maçonaria. O Sarastro parece um déspota esclarecido etc. Mas aqui eu quero só terminar com uma citação meio longa do Robert Kurz, porque essa ópera mostra mesmo aquela visão do iluminismo moderado, antidemocrática, da Razão criando o seu reino e, incidentalmente, expulsando das posições de poder desse reino as mulheres e os povos colonizados.
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