Carla tinha conseguido terminar de se arrumar. No meio do calor de janeiro, ela teve que cobrir o seu corpo rechoncudo todo com aquelas roupas de grife, quando a maior vontade dela era andar de short e camiseta. Mas não podia dar mole, o que ela ia fazer era perigoso demais pra ela piorar tudo criando outros problemas com a polícia. Então, depois de uma bem planejada desculpa esfarrapada, em coautoria com a Bruna, a garota foi pegar o ônibus velho e lotado que ia para a praia. Não exatamente para a praia, porque o que aquele monte de gente ia ver era mais uma Concentração de Fé e Milagres. Ela tinha acabado de perceber que tinha esquecido a Bíblia, mas teve a sorte de passar por uma das banquinhas em que a prefeitura distribuía de graça. Sem a bíblia e a roupa vermelha e azul, na frente do Marriot, seria impossível encontrar o Ahmed e pegar o livro que ela ia buscar. Só encontrar o Ahmed já foi uma miniaventura. Não que as proibições fossem tão rígidas assim, afinal das contas