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Mostrando postagens de 2023

Comentário do Bordiga sobre o curso histórico do capitalismo

No meio de várias loucuras, o Bordiga sempre conseguiu fazer algumas observações importantes sobre as questões estratégicas do movimento comunista. Traduzi esse trechinho da conferência A Reversão da Práxis porque ele contesta o declinismo que se tornou dominante entre os leninistas e até além deles (por exemplo, o Meszáros). Traduzi daqui .  Quadros I e II - A Sucessão das Formas de Produção Quadro I - Esquema da falsa teoria da "curva descendente" do desenvolvimento histórico do capitalismo Comentário ao Quadro I 1. Perante o atual estado confuso da ideologia, da organização e da ação revolucionárias, é um falso remédio contar com um declínio inevitável e progressivo do capitalismo, um processo alegadamente já em curso, e no fim do qual a revolução proletária supostamente está à espera. De facto, a curva do capitalismo não tem nenhum ramo descendente (Sumário, 1). 4. A teoria da curva descendente do capitalismo é totalmente errada e gera a questão inadequada de saber por qu

Apresentação de trabalho na XXII Semana de Ciências Sociais da UFU

  No dia 9/11 vou apresentar, junto com o Mário Miranda Antônio Júnior e o Enio Éverton Esteves Pereira o artigo "Política e literatura: a ascensão dos trabalhadores no Brasil".  O link da reunião é aqui e o ID é: 243 799 949 344 e a senha: whDyG4  A programação completa está aqui  

Notinha sobre a World Profitability Dashboard

Eu coloquei nos links do blog a World Profitability Dashboard, criada pela equipe do Deepankar Basu. Só vou falar duas coisinhas.  Primeiro, em alguns países, existem dados desde o século XIX que podem ser usados pra calcular a taxa de lucro. Só que, em primeiro lugar, são poucos países e, mais importante, a taxa de lucro definida pelo critério marxista é a taxa de lucro média dos capitais e, em quase todos os casos, no século XIX os países ainda estavam no período da subordinação formal ao capital, ou seja, o capitalismo ainda não tinha se enraizado em toda a formação social. Na grande maioria, o campo continuou nas mãos de pequenos proprietários, em alguns casos até a metade do século XX, e o chamado setor de serviços ainda não era organizado de forma capitalista (ou seja, a medicina, a educação, os serviços públicos etc ainda não se organizavam através de empresas com trabalhadores assalariados sem controle sobre a gestão do próprio trabalho). Nessas condições, a produção de exceden

A força dos trabalhadores

Esse texto é uma reelaboração de outro, que eu escrevi no blog Sem Camundongos, que não tá mais no ar. Agora, com novas informações. Greve geral na Índia, 2020. AFP A classe trabalhadora em si O peso da classe trabalhadora aumentou desde 1880. Sobre a organização sindical, a resposta é um pouco mais complexa. Nunca houve tantos trabalhadores assalariados no mundo. Segundo a OIT , hoje existe 1,82 bilhão de assalariados numa população economicamente ativa de 3,43 bilhões. Desses, mais ou menos 750 milhões são operários industriais. Além disso, existem 208 milhões de desempregados e mais ou menos 750 milhões de pequenos proprietários rurais. Os mais de 600 milhões de trabalhadores urbanos por conta própria, na sua grande maioria, vivem no terceiro mundo e são camelôs, pequenos comerciantes, artesãos etc, mas uma parte são profissionais liberais (“classe média”). Vendo as informações de um artigo de 1968 do Paul Bairoch com as estimativas da população economicamente ativa em cada setor d

Os limites da política monetária não convencional: uma visão marxista (Maria Ivanova)

  Parte desse artigo publicado na Review of Radical Political Economics  aqui A teoria do dinheiro de Marx desenvolveu-se como uma crítica à teoria monetária do dinheiro, exposta pelo aspirante a reformador social Jean-Baptiste Proudhon e seus seguidores, que era popular na época. O Grundrisse abre com um capítulo criticando a proposta de Alfred Darimon para uma reforma monetária baseada nessa teoria. No espírito de Proudhon, Darimon viu a predominância de metais preciosos na circulação e no câmbio como “a raiz do mal” e propôs uma reforma bancária que estabeleceria um sistema monetário “racional” suspendendo a conversibilidade: abolindo “a realeza do ouro” e liberalização do acesso ao crédito (crédit gratuit). Em vários escritos, Marx castiga Proudhon e seus seguidores por não entenderem como funciona o sistema capitalista de produção. As crises comerciais (ou seja, crises de realização) não surgem da escassez de dinheiro: a afirmação de que muito pouco dinheiro é produzido não signif

Playlist de música clássica

Eu fiz uma playlist gigante de música clássica (ocidental), do Renascimento até o século XXI. Eu tentei colocar as pessoas mais importantes de cada período, mas com algumas preferências pessoais minhas (por exemplo, quase não tem ópera e tem muita música de câmara). Mesmo assim, tem o Cravo Bem-Temperado todo, todas as sinfonias do Beethoven, Bruckner e Mahler, todas as obras pra piano do Chopin etc. Para ouvir, é só clicar na imagem 

Acumulação do capital no Brasil 2000-2020

Eu usei as informações do Sistema de Contas Nacionais do IBGE pra transformar os dados nas categorias marxistas, seguindo a metodologia do livro Measuring the Wealth of Nations , do Anwar Shaikh e do Ahmet Tonak, com algumas adaptações por causa da contabilidade brasileira.  Tem alguns esclarecimentos: Só encontrei os dados sobre trabalhadores autônomos a partir de 2010. Como o percentual varia de acordo com o ciclo, coloquei uma média de 30% entre 2000 e 2009 e, a partir disso, estimei a divisão entre trabalhadores produtivos e improdutivos desse período. Coloquei como improdutivos os trabalhadores dos setores de comércio, intermediação financeira e seguros, serviços imobiliários e aluguel, serviços de manutenção e reparação, serviços prestados às empresas, serviços prestados às famílias e associativos, serviços domésticos, educação pública, saúde pública e administração pública e seguridade social, e dividi o valor dos salários proporcionalmente, para estimar o capital variável tota

Meu conto "Não temeis ímpias falanges" vai ser publicado na coletânea Chaospunk, da editora Cyberus!

  Vai ser uma coletânea de gêneros experimentais, a minha história é um gadopunk: se passa no Brasil num futuro próximo onde as fake news do zapzap são verdade. O financiamento coletivo já começou, nesse link