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Mostrando postagens de junho, 2021

Proust queer?

  Umas das "aventuras" que eu mais gostei de entrar nessa pandemia foi terminar de ler Em Busca do Tempo Perdido . Tô com dois livros pra ler depois, Proust e os Signos , do Deleuze, e Lukács, Proust e Kafka , do Carlos Nelson Coutinho. Mas resolvi não ler antes de terminar tudo, pra não influenciar as minhas impressões.  E a minha maior impressão - entre todas as coisas que tem ali, que eu não vou falar nesse texto - é que a modernidade da obra tem uma característica muito semelhante ao queer: é um jogo de dissimulações, em que a própria noção de orientação sexual se esvai entre as camadas da narração.  É um livro escrito por um autor gay que faz uma autoficção em que, pra evitar o escândalo, o personagem do narrador é hetero e em que, em quase metade da obra, paira a dúvida sobre se Albertine, a namorada dele, é lésbica e, em geral, essa suspeita sobre serem homossexuais se estende sobre vários outros personagens. O personagem que mais claramente é gay, o Barão de Charlus,