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Mostrando postagens com o rótulo poemas

Conversando com as plantas

Não é difícil falar com as plantas se você estiver a sete palmos - ou deitado no sofá, os braços pulsando, ouvindo as batidas do seu próprio coração. Ou tapando visão e audição Até nem saber se existe fora Com lembranças estendidas Trazendo luz e calor. Não saberia dizer se as bananas amadurecendo diriam algo ou se faria barulho a terra afastada pelas raízes Mas planta ela não é. Não sei se ela responderia o que ela entende se está imersa em sonhos de bebê se está assistindo se desmaiou de vez.

Dois poemas do Amiri Baraka, e umas coisas sobre a questão negra nos EUA

Ontem eu tava falando com o Thiago Sobral , e ele me perguntou se eu tinha alguma coisa dos Panteras Negras contra o nacionalismo cultural (as correntes que existiam e existem que defendem a volta às "raízes africanas", sem fazer luta política real). Aí eu lembrei desse primeiro poema do Amiri Baraka, Hoje , de 1976: Hoje Fraudes em pele de leopardo, cafetão de turbante enganando com a cor da pele, capitalistas de cor, negros exploradores, pilantras afroamericanos de Embaixada procurando embaixadas africanas, em luta por passagens de avião, coqueteis de guerrilha, em que a única conexão com um partido é estilo MV Bill. Cadê a revolução, irmãos e irmãs? Cadê a mobilização das massas, dirigida pelo setor avançado da classe operária? Cadê a unidade-crítica-unidade; A autocrítica & crítica? Cadê trabalho e estudo. A clareza ideológica? Que só faz poses & posições & teorias subjetivas unilaterais descrevendo só sua formação pequeno-burguesa Discu...

Haikais de chuva

Título roubado de ideia da   Maria Gabriela I. a nuvem listrada     ando sozinho no escuro                  no meio dos raios     II. tudo tão bonito         nuvens prenhes de trovões                    lá, lutam judô III. cidade deserta eco dos passos relembra luto nuclear

Alguns poemas da Marília Machado

Saudades da incrível Marília, que morreu dia 25/02, aqui vai o link da LQB (grupo trotskista de que ela fazia parte), homenageando ela: http://www.internationalist.org/mariliatodahonra1202.html http://www.internationalist.org/mariliafotosepoesia1202.html Seguem mais alguns poemas dela: Educando Profissionais da Educação, Dizendo não ao patrão. Ato público inflamado, Discursos revoltados Com o quase estado de coma. Zé Brasil passa e fica admirado Com a força dessa gente que não cansa. Em seu peito massacrado, Nasce uma nova esperança. Estende as mãos trêmulas, Faz a cara mais bonita que consegue E pede àquela professora mais valente: "Você me dá um diploma?" Ela move os lábios atônita mas só o silêncio responde. Abolição dos Escravos? Sem nenhuma garantia, Sem emprego ou moradia, Sem alfabetização. Isto foi abolição? Nada de reforma agrária. Saúde, muito precária! Só tinha valor o patrão. Isto foi abolição? A favela aconteceu. O mendigo apareceu. Criança sem proteção. Isto f...